terça-feira, 27 de março de 2012

Série As PIORES e as MELHORES Entrevistas de Emprego de TODOS os Tempos

Estou há um bom tempo em busca constante por uma nova colocação, que realmente valha a pena para fechar por um longo período com chave de ouro, a minha carreira em Gestão de Pessoas, e nessa jornada, me deparei com inúmeras entrevistas que vão da classificação -10 a 4. Sim, no "pau da goiaba" dou 4 pra uma que fui para gerente de rede de restaurante que me custou 75 minutos de uma tarde chuvosa. Cheguei como sempre com uma certa folga no horário e esperei mais 15. Minha tranquilidade peculiar me ajuda nesses momentos!
O prédio era velho, com um cheiro estranho e qualquer som ecoava pelo ambiente todo. A sala do dono da empresa era a uma mistura de biblioteca de casarão antigo com temática eqüina e escritório de casa de tolerância dos anos 30.
Caixas se misturavam com quadros e esculturas de cavalos por todo o ambiente. Os móveis eram entalhados a mão e cheiravam a mofo e coisa velha. A mesa devia ter quase 3 metros de comprimento e estava abarrotada de entulho, sim, porque ali de material de escritório deveria ter um pote de tinteiro, um mata borrão em madeira e madre pérola, um risque e rabisque em couro craquelado escuro com potes combinando e papel, muito papel, mas muito papel mesmo.
Na mesa de reunião redonda estava o notebook, um vaso de cristal com mais ou menos 5o centímetros de altura com algumas flores de plástico cheias de pó e teias de aranha, um cinzeiro de vidro com emblema de um fornecedor de laticínios e um centro de mesa em crochê vermelho com o fio puxado. Sentei em uma das 4 cadeiras de assento de veludo verde musgo e sinceramente achei que minha calça iria ficar com todos aqueles pelos estranhos que estavam em cima dela, além do cheiro de cachorro molhado que quando eu sentei, subiu até meu nariz.
Um baixinho desprovido de cabelo e com um péssimo gosto pra gravata sentou na minha frente e disse, depois de 3 minutos em completo silêncio olhando pra minha cara:
- Me conte de você.
Ok, vamos lá então. 
Comecei meu sucinto histórico comercial sem interrupções com o discurso de sempre. Não devo ter demorado 5 minutos falando e ao final perguntei o que mais ele gostaria de saber e se eu tinha sido clara na minha explanação. 
Mais 3 minutos de olho no olho.
Tava ficando estranho.
Será que levanto e vou embora?
Será que fico e pago pra ver qual era?
Não tinha noção do que fazer, então decidi largar a bolsa no chão, me curvar pra frente, cruzar os dedos em cima da mesa, olhar bem dentro dos olhos azuis do baixinho e dizer: Vamos ver quem pisca primeiro?
O cara olhou com cara de paisagem pra mim e disse: - Essa foi a primeira vez que alguém disse alguma coisa antes de mim. Gostei da sua atitude. Vamos então começar a nossa entrevista.
Tive que rir!
A partir dali foram quase 60 minutos de conversa sem pausa, com altos e baixos, discussões sobre metodologias de gestão, política, decoração, mais metodologia de gestão, faturamento, indicadores, rotinas, ambições, sexo, particularidades e muitas conclusões.
No dia seguinte ele me ligou dizendo que queria que eu começasse na próxima quinta.
Declinei!
O salário era péssimo, mas algo me dizia que aquela parceria não daria certo.
Não existe jeito certo ou errado de direcionar uma entrevista, mas certamente existem meios muito mais eficazes e coesos de se discutir determinados assuntos do que como foi encaminha a de nota 4, que ganhou isso por ter sido tão surreal e fora do contexto.

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