Pra mim, mês
das lembranças... pura nostalgia...
Nesse mês a vontade
de voltar no tempo fica ainda mais latente...
Começo a ver
fotos antigas nos perfis, imagens amareladas e gastas que chegam a revelar a
verdadeira idade das figuras incríveis que perambulam 24 horas pela Rede.
De tempos em
tempos, todo mundo começa a lembrar daquela época que já se foi e não tem como
voltar...
Ou por uma
postagem reveladora de “O quanto estou ficando Velho”, ou “Os anos 80 foram os
melhores”, “Se você é do tempo disso ou daquilo, você tem mais de 40” ...
São infinitas as
formas diárias que conseguimos nos tele transportar aos anos mais incríveis ou
difíceis já vividos: o passado!
A busca por
reconstruir algumas lembranças chega a ser incansável, e diariamente queremos
de alguma forma, reviver algumas situações...
Mesmo sabendo
que isso é impossível, tentamos fazer com que alguns desses momentos se
repitam, inclusive trazê-lo fora do contexto ou até mesmo figurativo.
Memória
visual, auditiva, tátil, olfativa, gustativa... são tantos os meios de lembrar
que fica difícil esquecer!
Esses dias
encontrei uma amiga de infância. Eu a considerava uma das minhas melhores
amigas na época do colégio de freiras quando só entravam meninas.
Lembrei da
Irmã Gizelda e da Neli, do parquinho com a piscininha de ladrilhos azuis e
desenhos de peixinhos, dos balanços altamente disputados à unha e a choro, dos corredores
verdes e gelados, do teatro com cheiro de mofo, das cadeiras de madeira que
levantavam os acentos e só de birra fazíamos sons ensurdecedores quando
contrariadas, da salinha de piano minúscula, do tic tac do pêndulo do compasso
que marcava um ritmo bizarro, da capela fria e quieta (ai de quem fazer
barulho), da secretaria enorme perto dos nossos corpos minúsculos, dos salgados
e dadinhos sendo vendidos pela Florita, do primeiro professor homem, baixinho e
gordinho que teimava em ensinar uma matemática difícil e sem nexo cheia de
linhas e fórmulas, da festa junina com suas brincadeiras do baldinho, da
sinhazinha invejada e odiada por 99,9% das meninas, da oração diária no pátio,
da cantoria do hino, das filas marcadas por um braço esticado na coleguinha da
frente, dos terços de pérola e de contas vendidos na saída da tarde, das
salinhas do jardim de infância, da cancha coberta, do barulho da grade que dividia as mocinhas das pequenas, da temida sala da direção,
das cabines de banheiro onde cabiam mais corpos do que o provável, dos quartos
das aspirantes, das bolinhas de queijo trazidas pelas irmãs depois das sete da
noite quando os pais esqueciam de buscar (isso era um privilégio para poucas),
do bosque que nunca podíamos entrar, das apresentações de final de ano (Sabes,
venho das campinas, que viste? Conte-me tudo. Vi tanta coisa bonita, o campo
era um veludo! Veludo? Coisa esquisita!), Tia Ana, Tia Vera, Tia Paula, Tia
Iara, Tia Carla, Tia Graça...
Como me
lembrei de tudo isso? Quando do nada, senti o cheiro da lancheira vermelha da
minha amiga de infância... Uma memória olfativa me trouxe todas outras à tona e
fui então invadida por uma emoção indescritível.
Saudades? É o
que os brasileiros podem se orgulhar, pois essa palavra ilustra perfeitamente a
ausência de algo ou de alguém quando lembramos da sua existência.
Mas eu senti
algo a mais. Não consegui identificar na hora, mas meu coração foi tomado de um
sentimento que custei a entender.
Puxei mais um
pouco pela memória e junto com ela veio a lucides. Senti amor, senti gratidão!
Amor e
gratidão por todos que passaram na minha vida e de alguma forma fizeram de
momentos simples, tristes ou sem graça, momentos inesquecíveis e cheios de
experiência.
Que pena que
aquele tempo não volta mais?
Não!
Que bom que
ele ficou lá trás...
Cabe a mim
agora exercitar minha memória e providenciar que minhas lembranças não descaminhem
pelos tantos anos que ainda virão me brindar, pelas pessoas que vou conhecer,
pelos amigos e amigas que vou reencontrar...
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